Roube-lhe seu tempo, encha-o de afazeres, tire-lhe o sono, não permita que pare e observe os detalhes, que sinta os problemas e alegrias ao redor, que converse com as pessoas, que leia seus livros preferidos.
O escritor é alguém que sente a vida e a traduz em palavras escritas.
Sua imaginação e criatividade se desenvolvem nas horas mais improváveis, mas há a necessidade de um tempo de qualidade para interpretá-la.
Muitos escritores morrem todos os dias pela asfixia do muito o que fazer, e nenhum tempo a perder.
De repente, é apenas uma faltinha de ar, ocasionada pela grande inalação da poluição frenética da ocupação.
Pára um pouquinho, toma uma inalação de tempo, recupera as idéias, volta para a poluição... não se atenta que as lesões começam a aparecer: cansaço, apatia, indiferença...
Talvez a indiferença seja a pior, pois quando o escritor passa a achar tudo normal e deixa de observar os detalhes, já está instalado o quadro de insuficiência respiratória da criatividade.
Se nada mais lhe chama a atenção nem para apreciar, nem para criticar; ou se até chama por um tempo, mas não consegue transcrever, é o momento de tratamento de choque:
Fugir da adrenalina, se aquietar, parar, observar, escrever, observar...
Não se faz história sem pessoas para escrevê-las, não se faz poesia sem o sentimento do poeta; não se muda o que está errado, sem a interpretação atenta de quem resolve não se conformar.
Como diria o poeta e cantor João Alexandre: Transformar o mundo é uma questão de compromisso, é muito mais que tudo isso.
Alimente e oxigene seu escritor, não o deixe morrer!
O mundo agradece, a vida agradece, a história agradece.